sábado, 20 de setembro de 2008


Retôrno à Kandarar

I

Vejo a luz banhar o teu corpo.
Sinto a tempestade.

Tua pele incendeia minha razão entorpecida.

Pérolas cintilantes em tua face
fagulhas no ar deste outono gris e eterno.

Meu desejo é uma nau cravada nos teus seios.
Queres o que quero no entanto foges.
Eu sei que estás por perto.


II

Tua inocência: um bosque esquecido em nenhures,
por ele, cavalgo, alucinado, rumo ao Olimpo,
no fundo, sei que és apenas uma miragem...

Na manhã outonal
um zéfiro enlaça-a levemente.
Poderia chamá-la Lilith
conheço-a e venero a tua descendência excomungada e milenar.

III

Minha trilha adentra tuas fronteiras;
um sítio inexplorado e esplêndido;
perco-me nas clareiras do teu corpo;
somos, na manhã, um só corpo; um só espírito insone sob a névoa;
sobre as folhas caídas no solo;
somos um só dentro do sonho purpúreo.

IV

À tarde, soluçavas encolhida no tombadilho..
Tempestades de areia feriram teus olhos...
Teu colo seria devorado, pouco depois, por hienas vorazes...

V
Calaram-se os cantos na terra desolada
ausentaram-se os deuses delirantes do deserto.
Deixei a ti os meus versos e mais nada.




Oz

Nenhum comentário: