sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Então será tempo...

Quando se apagar em nossos olhos a imagem de pássaros e lebres e riachos e lagos
e as trilhas no deserto estiverem prenhes de seres moribundos, a planície, o planalto, a várzea incendiados, talvez alguém entoe um cântico que ressuscite todo olhar e todo sonho estrangulado no berço...

Quando os últimos raios invadirem as alcovas banhando de luz e fuligem corpos sequiosos,
Quando risos orgásticos e insanos invadirem as almas, as faces verterem lágrimas desnorteadas,
Quando o vôo da pomba for um rastro no rubro e as trombetas soarem executando a dança do
gênese apocalíptico, talvez tenhamos um momento para olhar para trás...

Quando o caminho for único
os olhares ilegíveis
o precipício à mão
o horizonte não
os últimos descendentes de uma estranha tribo talvez sejam vistos vagando à deriva
sobre dromedários bêbados
invocando um deus que há muito se ausentou...

(...)

Oz

1990

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