Espreito-a atento
e quase que amante
espreita-me e finjo
olhar o horizonte.
Às vezes teu murmúrio
tangível, inexato
rastreia o passo incerto
do transeunte incauto.
&
E, quando, numa rua deserta, a vagar, divago, sinto-a ao meu lado a dizer-me de seus projetos, de gares invisíveis e guichês inadiáveis.
(...)
Não sei em qual momento ela me abraçará, por isso assovio e finjo que não estou pronto e continuo andando ...
ao inevitável encontro..
Ozênio Dias
Janeiro de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
domingo, 6 de abril de 2008
De redenção e espera
Um ancião vagueia na orla do bosque. Ao crepúsculo retorna à cabana em passos vacilantes. Teus olhos, mortiços. Tua longa barba embranquecida oscila suavemente sob a leve brisa da noite incipiente.
Na cabana, fracamente iluminada por um candieiro de cobre pendente do teto, uma mulher cose uma mortalha purpúrea enquanto entoa uma antiga e obscura canção.
O primogênito desapareceu no último outono e, de quando em quando, surgem rumores (...), um cavaleiro que surge do leste envolto num manto negro, que fala um dialeto desconhecido e habitaria uma das ilhas do pacífico sul.
Defronte à taberna, do outro lado do lago lodoso,um jovem cambaleia; nas suas mãos uma tocha cuja chama o vento apagou.
Oh,estirpe amaldiçoada.
Nos fundos da cabana, na penumbra, uma jovem de longos cabelos e olhos negros e profundos, vestida numa leve túnica arqueja suavemente e suas frágeis mãos parecem querer arrancar daquele tenro corpo uma chama invisível.
À distância, o débil choro de um recém-nascido.
Ozênio Dias
06.04.08
Na cabana, fracamente iluminada por um candieiro de cobre pendente do teto, uma mulher cose uma mortalha purpúrea enquanto entoa uma antiga e obscura canção.
O primogênito desapareceu no último outono e, de quando em quando, surgem rumores (...), um cavaleiro que surge do leste envolto num manto negro, que fala um dialeto desconhecido e habitaria uma das ilhas do pacífico sul.
Defronte à taberna, do outro lado do lago lodoso,um jovem cambaleia; nas suas mãos uma tocha cuja chama o vento apagou.
Oh,estirpe amaldiçoada.
Nos fundos da cabana, na penumbra, uma jovem de longos cabelos e olhos negros e profundos, vestida numa leve túnica arqueja suavemente e suas frágeis mãos parecem querer arrancar daquele tenro corpo uma chama invisível.
À distância, o débil choro de um recém-nascido.
Ozênio Dias
06.04.08
Sonânbulos 2
Dois corpos na noite densa
soluços dentro da alcova
a vida pulsando, ardente.
Cada gesto, uma sentença
velhos campos, flores novas
em alto-mar os dementes.
Numa busca incessante
há dois corpos delirantes
no lago azul da memória.
Insones filhos de Dante
promessas insinuantes
sonhos de prazer e glória.
Ozênio Dias
24.09.03
soluços dentro da alcova
a vida pulsando, ardente.
Cada gesto, uma sentença
velhos campos, flores novas
em alto-mar os dementes.
Numa busca incessante
há dois corpos delirantes
no lago azul da memória.
Insones filhos de Dante
promessas insinuantes
sonhos de prazer e glória.
Ozênio Dias
24.09.03
quinta-feira, 3 de abril de 2008
AQUELE QUARTO
A garota daquele quarto parece música, luz e corais e adentra os sonhos e neurônios em passos quase naturais.Desliza no seu charme camaleônico pelos corredores da casa sobre patins inexistentes como suas asas.
A garota daquele quarto está em viagem. Chuva que inunda o branco da mente. Jangada solta.
Miragem. Me escondo em depósitos de versos e o seu cabelo é pretexto para um beijo. Alma ou o inverso, eu a desejo.
A menina daquele quarto é personagem de uma balada de amor inacabada. Eu sou deserto, mais nada.
A menina daquele quarto me lembra um pássaro flamejante. Uma deusa punk em meio a multidão perdida, errante.
A menina do quarto 15 ...
um escândalo atômico refletido num maldito espelho côncavo.
...e o garoto: "...envolta em seu manto azul, ela cruza os corredores infinitos da minha memória..."
Ozênio Dias
01.10.95
A garota daquele quarto está em viagem. Chuva que inunda o branco da mente. Jangada solta.
Miragem. Me escondo em depósitos de versos e o seu cabelo é pretexto para um beijo. Alma ou o inverso, eu a desejo.
A menina daquele quarto é personagem de uma balada de amor inacabada. Eu sou deserto, mais nada.
A menina daquele quarto me lembra um pássaro flamejante. Uma deusa punk em meio a multidão perdida, errante.
A menina do quarto 15 ...
um escândalo atômico refletido num maldito espelho côncavo.
...e o garoto: "...envolta em seu manto azul, ela cruza os corredores infinitos da minha memória..."
Ozênio Dias
01.10.95
NOVOS TEMPOS
O medo em cada canto
o corpo mudo
[queda.
Tambores a rufar
nos tímpanos noturnos
sombras a clarear
o ser sendo o escuro.
Silêncio em cada gesto
a mão cega estendida
o pelotão contempla
pupilas já sem vida.
A exatidão do gesto
nenhuma atenuante
cortante e indigesto
o anti-manifesto.
O álibi inválido
a inocência morta
o ardente agora cálido
corpo no umbral da porta.
Culpados já não há
humanos idem, não
a bússola do acaso
aponta a desrazão.
Ozênio Dias
o corpo mudo
[queda.
Tambores a rufar
nos tímpanos noturnos
sombras a clarear
o ser sendo o escuro.
Silêncio em cada gesto
a mão cega estendida
o pelotão contempla
pupilas já sem vida.
A exatidão do gesto
nenhuma atenuante
cortante e indigesto
o anti-manifesto.
O álibi inválido
a inocência morta
o ardente agora cálido
corpo no umbral da porta.
Culpados já não há
humanos idem, não
a bússola do acaso
aponta a desrazão.
Ozênio Dias
SENTENÇA
(versão 2)
O fato inaudito
o atalho inesperado
teu corpo desnudado.
Pairam na tarde gris
rumores que provém
De um templo proibido.
Pousado nos umbrais
o meu olhar que quis
perdido, desnorteado.
Ah! mente que conduz
nos seus vastos impérios
tanto desejo e dor.
Espero a senha incerta
o sol na pele insone
espero ouvir meu nome.
Além, num antigo aquário
um corpo solitário
espera por alguém
&
e a dança cega e surda
moldura a sombra muda
enlaça a mim tambem.
Oh! corpo andaluz
de sonhos deletérios
faminto de ar e luz.
Caminho ao teu lado
sinistro, invisível
a ti aprisionado.
Ozênio Dias
21.07.2005
O fato inaudito
o atalho inesperado
teu corpo desnudado.
Pairam na tarde gris
rumores que provém
De um templo proibido.
Pousado nos umbrais
o meu olhar que quis
perdido, desnorteado.
Ah! mente que conduz
nos seus vastos impérios
tanto desejo e dor.
Espero a senha incerta
o sol na pele insone
espero ouvir meu nome.
Além, num antigo aquário
um corpo solitário
espera por alguém
&
e a dança cega e surda
moldura a sombra muda
enlaça a mim tambem.
Oh! corpo andaluz
de sonhos deletérios
faminto de ar e luz.
Caminho ao teu lado
sinistro, invisível
a ti aprisionado.
Ozênio Dias
21.07.2005
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