terça-feira, 2 de setembro de 2008

Cárcere

Meu cárcere é a manchete matutina
fitando meus olhos nas esquinas.
Meu cárcere é o amargo na página indiscreta
mil alfinetadas em cicatriz aberta.
Meu cárcere é a certeza de ter, em manhãs cinzentas
a morte me vigiando, atenta.
Meu cárcere é o doce fardo da inocência
enterrado no esgoto com o rugido da tormenta.
Meu cárcere é o murmurar sutil dos lábios teus
ao ferir minh'alma com um adeus.
Meu cárcere é o teu riso brotando qual flor no campo
pra murchar ao soluçar febril de um pranto.
Meu cárcere é a rua tinta dos vinhos das veias vadias
qual vômito vermelho nas vielas vazias.
Meu cárcere é a indiferença do olhar da humanidade
que com pupilas de aço tomam-te a liberdade.
Meu cárcere é o som silencioso e audível de uma página virada
é o amor que se foi
é uma estrela cadente
é o viver
mais nada.

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