quinta-feira, 15 de maio de 2008

de caminhos

Caminhos noturnos nos circundam.
Tateamos na penumbra diuturna.
Nosso candieiro, tremeluzente.

Gélido, o uivar dos cães na noite.

À distância, vozes bêbadas entoam um canto fúnebre.

Caminhos noturnos nos circundam.
Nossos passos no desfiladeiro.
Rumamos ao precipício.

Às margens, vestígios supostamente humanos levando às portas da cidadela.

Desesperadora é a ausência da luz.

Impregnam os sentidos os odores do acampamento,
os lamentos do ancião,
o uivar dos cães.

Estranhos os campos visitados pela mente insone.

Caminhos noturnos nos circundam.
Nos paredões, sombras esvoaçantes de grandes pássaros noturnos.
Na penumbra, tateamos levando ainda pelas mãos um candieiro que o vento há pouco apagou.

Aterrorizante é a cegueira destes nossos tempos.

Ozênio Dias

15.05.2008

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