quarta-feira, 9 de abril de 2008

Do inevitável

Espreito-a atento
e quase que amante
espreita-me e finjo
olhar o horizonte.

Às vezes teu murmúrio
tangível, inexato
rastreia o passo incerto
do transeunte incauto.

&

E, quando, numa rua deserta, a vagar, divago, sinto-a ao meu lado a dizer-me de seus projetos, de gares invisíveis e guichês inadiáveis.

(...)

Não sei em qual momento ela me abraçará, por isso assovio e finjo que não estou pronto e continuo andando ...


ao inevitável encontro..

Ozênio Dias

Janeiro de 2008

Um comentário:

Alan Oliveira Machado disse...

Velho Ozy,quem sabe as palavras de Cioran, abaixo, não nos sirvam de epitáfio: “Quando me lembro que os indivíduos são apenas gotas de saliva que a vida cospe, e que a vida mesma não vale muito mais em comparação com a matéria, dirijo-me ao primeiro bar que encontro com a intenção de nunca mais sair dele. E no entanto, nem sequer mil garrafas me dariam o gosto da Utopia, dessa crença em que algo ainda é possível”