quinta-feira, 3 de abril de 2008

AQUELE QUARTO

A garota daquele quarto parece música, luz e corais e adentra os sonhos e neurônios em passos quase naturais.Desliza no seu charme camaleônico pelos corredores da casa sobre patins inexistentes como suas asas.
A garota daquele quarto está em viagem. Chuva que inunda o branco da mente. Jangada solta.
Miragem. Me escondo em depósitos de versos e o seu cabelo é pretexto para um beijo. Alma ou o inverso, eu a desejo.
A menina daquele quarto é personagem de uma balada de amor inacabada. Eu sou deserto, mais nada.
A menina daquele quarto me lembra um pássaro flamejante. Uma deusa punk em meio a multidão perdida, errante.
A menina do quarto 15 ...
um escândalo atômico refletido num maldito espelho côncavo.

...e o garoto: "...envolta em seu manto azul, ela cruza os corredores infinitos da minha memória..."



Ozênio Dias

01.10.95

3 comentários:

leandro disse...

'Olhou para o retrato de Beethoven, e começou a executar a sonata, sem saber de si, desvairado e absorto...tornou ao piano; era a vez de Mozart, pegou um trecho e executou-o do mesmo modo, com a alma alhures' - M.A.
É meu caro Montalvânia, estamos todos 'ALGURES'.
Leandro

leandro disse...

simplesmente..PIRANTES....
caro, os escritos mais antigos, a mim, soam mais profundamente....
leandro

Alan Oliveira Machado disse...

Ozênio Dias, o grande poeta que anda na penumbra espreitando a luz dos outros e as sombras da alma humana. Ora noir, dark... ora ferino ou romântico, em estilo gris, como um demônio daltônico. Do limbo, dos botecos e alcovas envoltas brumas e recendento a todo tipo de miasma esse criador afina os seu instinto de poeta.
alan