quarta-feira, 19 de março de 2008

Élis

Gosto de pousar o meu pensar em ti como em um lago perdido na floresta.
Silencioso.Límpido.Uma clareira banhada pelo sol através de densa folhagem.
Gosto de lembrar-me de que vives e sentes e sonhas e despe-te no silêncio

da noite e o teu corpo cálido paira mansamente em minha memória.
Gosto de saber-te distante do sonho possível, eu, aprendiz de sonhador, caminhante de veredas inexistentes.

Rapto-te para o meu país distante e, por um momento, os arcanos do teu
coração secular se revelam.Defronte a mim uma imagem, um mosaico de desejo e dor
que se nutre do sal presente nas lágrimas do náufrago que sou.

Teu corpo repleto de silêncios me causando vertigens.Vago por entre os
muros em ruínas da minha razão em estilhaços.

Tua existência: um palco de conflitos inenarráveis, batalhas samgrentas, de
enseadas ocultas. Mãos que tateiam na penumbra em busca da chave da sala
das fontes.

A tua face pacífica reflete a beatitude dos teus ancestrais.

Mas foges
E teus passos ressoam, milenares, nas imensas pradarias da minha lembrança
e atrás de ti surgem aldeias, tragédias e lendas...


Ozênio Dias

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